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etc.) E, ao mesmo tempo que o envio de alimentos está de fato proibido, o governo argumenta que existe uma ampla oferta em outras partes do mundo (a custos muito mais elevados), de modo que a violação direta da lei internacional não é uma violação. Quando a questão foi levada a OMC pela União Européia, os Estados Unidos rejeitaram os procedimentos baseados no modelo da Corte Internacional de Justiça, encerrando na prática a questão.10 Em resumo, o mundo que os Estados Unidos buscaram criar à sua imagem e semelhança , por meio das instituições internacionais, está baseado no princípio da lei do mais forte. E a paixão norte-americana pelo livre mercado implica que o governo dos Estados Unidos pode violar os acordos de comércio sempre que julgar necessário. Nenhum problema surge quando as comunicações, os bancos e a oferta de alimentos passam ao controle de empresas estrangeiras (principalmente norte- americanas). O problema é outro, porém, quando os acordos comerciais e as leis internacionais atrapalham os projetos dos poderosos mais uma vez, em conformidade com as claras lições da História. Aprendemos outras coisas mais quando investigamos as razões pelas quais os Estados Unidos rejeitam os acordos comerciais e as leis internacionais. No caso da Nicarágua, o assessor jurídico do Departamento de Estado, Abraham Sofaer, explicou que, quando os Estados Unidos aceitaram a jurisdição da Corte Internacional nos anos 1940, a maioria dos países-membros das Nações Unidas estava alinhada com os EUA e compartilhava os seus pontos de vista a respeito da ordem mundial . Mas, agora, muitos deles já não compartilham a nossa visão a respeito da concepção constitutiva original da Carta das Nações Unidas , e esta mesma maioria freqüentemente se opõe aos Estados Unidos em importantes questões internacionais . É compreensível, portanto, que os Estados Unidos, desde 1960, sejam os campeões de vetos às resoluções das Nações Unidas em uma ampla gama de questões, que incluem a legislação internacional, os direitos humanos, a proteção ambiental e assim por diante, precisamente o oposto da versão típica, repetida no parágrafo de abertura. Os Estados Unidos avançaram um ponto mais na liderança dos vetos pouco depois da publicação das explanações de Abraham Sofaer, sufragando o seu 71º veto desde 1967. Quando a questão (os assentamentos israelenses em Jerusalém) foi levada à Assembléia Geral, os Estados Unidos e Israel ficaram isolados; também o padrão conhecido.11 Tirando as conclusões naturais sobre a inconfiabilidade do mundo, Sofaer prosseguiu explicando que devemos agora reservar-nos o poder de determinar se a Corte tem jurisdição sobre nós em um determinado caso . O princípio há muito existente, a ser agora imposto a um mundo que já não é obediente o bastante, é que os Estados Unidos não aceitam jurisdição compulsória sobre nenhuma disputa que envolva assuntos essencialmente pertinentes à sua jurisdição interna, tal qual eles mesmos definiram . Os assuntos internos em questão eram o ataque norte-americano contra a Nicarágua.12 41 O princípio operativo básico foi elegantemente apresentado pela nova Secretária de Estado, Madeleine Albright, quando discursou no Conselho de Segurança da ONU sobre a relutância deste em aceitar as exigências norte-americanas a respeito do Iraque: os Estados Unidos se comportarão multilateralmente quando puderem e unilateralmente quando precisarem , ignorando todas as restrições externas numa área considerada vital para os interesses nacionais norte-americanos tal como definidos pelos Estados Unidos)3 A ONU é um fórum apropriado quando se pode contar com os seus membros para compartilhar os pontos de vista de Washington, mas não quando a maioria se opõe aos Estados Unidos em importantes questões internacionais . As leis internacionais, como a democracia, são coisas ótimas a julgar pelo resultado, não pelo processo, da mesma forma que o livre comércio. A posição atual dos Estados Unidos na questão da OMC não contém, portanto, nenhuma novidade. Washington declarou que a OMC não tem competência para atuar numa questão que envolve a segurança nacional norte-americana; devemos compreender que é a nossa existência que está em jogo quando se trata do estrangulamento da economia cubana. Uma decisão da OMC contra os Estados Unidos in absentia não significa nada e nem é motivo de preocupação, disse um porta-voz do governo Clinton, porque não acreditamos que qualquer coisa que a OMC diga ou faça possa obrigar os Estados Unidos a mudar as suas leis . Lembremo-nos de que o grande mérito do acordo da OMC sobre as telecomunicações foi que esse novo instrumento de política externa obriga os outros países a mudar suas leis e suas práticas de acordo com as nossas demandas. O princípio é o de que os Estados Unidos estão livres da intromissão da Organização Mundial de C9mércio em suas leis, da mesma forma como estão livres para violar as leis internacionais ao seu bel-prazer; exclusivamente, embora tal privilégio possa ser estendido a Estados clientes quando as circunstâncias assim o exigirem. Os princípios fundamentais da ordem mundial, mais uma vez, ressoam alto e claro. Os primeiros acordos do GATT permitiam exceções de segurança nacional, graças às quais Washington justificou o seu embargo a Cuba como medidas tomadas em nome dos interesses vitais
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